Famílias, não sejais indiferentes aos que sofrem
186. A Eucaristia exige a integração no único corpo
eclesial. Quem se abeira do Corpo e do Sangue de Cristo não pode ao mesmo tempo
ofender aquele mesmo Corpo, fazendo divisões e discriminações escandalosas
entre os seus membros. Na realidade, trata-se de « distinguir» o Corpo do
Senhor, de O reconhecer com fé e caridade, quer nos sinais sacramentais quer na
comunidade; caso contrário, come-se e bebe-se a própria condenação (cf. v. 29).
Este texto bíblico é um sério aviso para as famílias que se fecham na própria
comodidade e se isolam e, de modo especial, para as famílias que ficam
indiferentes aos sofrimentos das famílias pobres e mais necessitadas. Assim, a
celebração eucarística torna-se um apelo constante a cada um para que «se
examine a si mesmo» (v. 28), a fim de abrir as portas da própria família a uma
maior comunhão com os descartados da sociedade e depois, sim, receber o
sacramento do amor eucarístico que faz de nós um só corpo. Não se deve esquecer
que « a “mística” do sacramento tem um carácter social». Quando os comungantes
se mostram relutantes em deixar-se impelir a um compromisso a favor dos pobres
e atribulados ou consentem diferentes formas de divisão, desprezo e injustiça,
recebem indignamente a Eucaristia. Ao contrário, as famílias, que se alimentam
da Eucaristia com a disposição adequada, reforçam o seu desejo de fraternidade,
o seu sentido social e o seu compromisso para com os necessitados.
Texto extraído da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia (sobre o amor na família)
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