Na penúltima edição do Jornal
Millenium falamos da verdadeira devoção com respeito à Misericórdia Divina. Ao
que nos referimos à misericórdia também queremos ao falar da Virgem Maria. Isto
é, uma verdadeira devoção não nos desliga da realidade, não nos leva a viver a
fé de forma isolada dos irmãos, uma devoção verdadeira não é devocionismo.
Assim, precisaremos a princípio tirar preconceitos que nós mesmos católicos
podemos ter a cerca da devoção mariana. São Luís Maria Grignion de Monfort
escreve em seu Tratado da Devoção à Santíssima Virgem Maria que há várias tipos
de devotos.
1. Devotos críticos
1. Devotos críticos
Primeiramente, fala dos
“devotos críticos”. Segundo ele, estes devotos consideram-se sábios e
entendidos, mas criticam quase todas as práticas de devoção das pessoas
simples; não acreditam em milagres, veem com desgosto as pessoas simples diante
das imagens, acusando-as de idolatria, dizem ainda que não são fracos por
acreditar nas aparições de Nossa Senhora; com uma justificativa de acabar com
exageros terminam por afastar as pessoas da sua fé; os devotos críticos
confundem religiosidade com fanatismo, devoção com devocionismo, fé com
fantasia (cf. TVD 93). Não se quer negar a possibilidade de haver exageros e
fanatismos, porém o que se deseja mostrar aqui é o outro extremo; de que pelo
simples fato de se rezar a Maria ou de se alimentar nEla uma espiritualidade já
se é considerado como ingênuo e desligado da realidade.
2. Devotos escrupulosos
Em segundo lugar, segundo o
mesmo escrito, existem os “devotos escrupulosos”. Estes “são pessoas que temem
desonrar o Filho honrando a Mãe (...) não querem que se fale tantas vezes da
Santíssima Virgem, nem que a Ela nos dirijamos tão frequentemente” (TVD 94).
Frases frequentes dos devotos escrupulosos são estas: para que tantos terços;
para que pedir a intercessão dela se posso ir direto até Jesus; para que falar
tanto de Maria, posso estar esquecendo assim de Deus. São Luís Maria rebatendo
esta postura negativa frente a Mãe de Deus ensina que nunca é demais honrar a
Nossa Senhora e fazendo isto não se está afastando de seu Filho, pois “só
honramos a Virgem no intuito de honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, indo
a Ela apenas como ao caminho que leva ao fim almejado, que é Jesus” (TVD 94). O
filho por amar tanto a sua mãe terrena gosta de estar perto dela e se dirigir
com frequência a ela por gestos e palavras. Por qual motivo nós filhos
espirituais da Mãe de Deus teríamos medo de estar perto e de nos dirigir a Ela?
3. Devotos exteriores
Existem ainda os devotos
chamados de “exteriores”. Estes estão presos apenas às práticas externas sem
deixar que a devoção toque nos atos da vida. “Rezarão muitos terços às pressas;
estarão em muitas Missas sem atenção; irão sem devoção às procissões” (TVD 95); participarão dos grupos de Nossa Senhora, usarão o
escapulário, mas tudo isso sem mudar de vida, sem conversão, sem imitar o sim e
a fidelidade de Maria. É bom saber que o exterior deve ser sempre sinal do
compromisso feito no interior. Os sinais exteriores como escapulários, as
fitas, medalhas, por exemplo, deveriam nos recordar do sim a Deus e o não ao
pecado dados por meio de Maria.
4. João Paulo II, modelo de
verdadeira devoção
Penso que os santos têm muito
a nos ensinar e o testemunho de suas vidas são respostas para nossas dúvidas.
Pois bem, se queremos uma resposta sobre que tipo de devotos devemos ser,
sejamos iluminar pela vida de São João Paulo II. O seu lema de sacerdote, de
bispo e de papa foi: “todo teu”, ó Maria. Se nos deixamos espelhar por este
exemplo, não vamos errar. Ser todo de Maria, conforme a vida deste santo papa,
é entregar nas mãos d’Ela sem medo “tudo” o que temos e somos, bens materiais e
espirituais e até mesmo nossa vontade para chegarmos até seu Filho. Se me
entrego todo para Ela uma pergunta simples para o verdadeiro devoto será sempre
esta: como Maria usaria isso que estou usando? A Mãe de Deus falaria isso que
estou falando? Maria andaria nesta hora, neste ambiente, com estas companhias?
Conclusão
Após conhecermos três tipos
de devotos, podemos perceber que é possível existir falsas devoções a Maria que
podem fazer surgir aparentemente “devotos maduros”, mas que consideram Maria
apenas como um detalhe (enfeite) não necessário na vida espiritual ou “devotos
piedosos”, mas que não procuram a conversão e a libertação da escravidão do
pecado. Deste modo, percebemos que uma verdadeira devoção deve nos levar não
somente a louvar a Nossa Senhora, mas sobretudo a imitar as virtudes d’Ela. Se
Jesus, sendo Deus, não hesitou em passar trinta anos sob os cuidados da Mãe na
casa de Nazaré sendo-lhe obediente (cf. Lc 2, 51-52) porque nós pecadores
iríamos temer ser devotos autênticos d’Ela? O sentido desse ser “todo” de Maria
é para sermos “todos” de Jesus.
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